Thiago Floriano

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COISAS BOAS DE UM GOVERNO BOM

In Uncategorized on 12/10/2008 at 04:01

É natural do ser humano destacar muito mais o lado ruim do que exaltar o lado bom. A imprensa, então, nem se fala. É claro que as coisas boas dificilmente vendem jornais ou rendem boas manchetes. O bem não atrai as pessoas para as bancas de jornais ou para a frente da televisão. O mau e o mal são perfomáticos, envolventes, interessantes. Por este motivo que há muito está dito que “notícia ruim corre depressa”. Digo isso para justificar o fato da imprensa ter destacado durante o processo eleitoral muito mais o lado ruim do governo popular. O próprio PT, e aqueles que nos últimos anos integraram o governo, durante décadas fizeram o mesmo na oposição aos governos anteriores. Na oposição, víamos poucos elogios por parte do PT, não é mesmo?

Mas, considero, sinceramente, que tivemos um bom governo em Itajaí nesses últimos anos. Não tivemos um governo de esquerda, mas tivemos um governo realizador, tocador de obras. Entre os destaques desse governo, considero importante ressaltar o bom relacionamento político com os governos federal e estadual, que possibilitou a vinda de quantia expressiva de recursos para Itajaí, viabilizando obras a longo prazo, como a via expressa, o centro-eventos e alguns projetos na área da habitação e infra-estrutura. Muito do que foi feito agora, projetado e/ou iniciado nesse governo, será fundamental para a Itajaí que teremos daqui há décadas.

O setor cultural também teve um grande crescimento. Muitos foram os projetos que merecem destaque. Mas, no meu entendimento, o melhor de tudo foi ter a capacidade de dar continuidade a projetos que estavam dando certo, como é o caso do Festival de Música. Antes de buscar novos projetos, para deixar sua marca de governo, o PT soube reconhecer o que estava sendo bem feito no governo anterior e manteve, até aprimorou, deu qualidade. Isso é fundamental, porque serve de base para o novo, para o toque de qualidade e marca do governo, como é o caso da escola de balé e o projeto Cultura nos Bairros.

Se o governo não avançou como esperávamos em áreas populares como educação e saúde, e até retrocedeu na questão da preservação ambiental, avançou muito no setor tecnológico da computação, tanto nos processos internos da própria administração, como na implantação da rede de Internet pública gratuita em toda a cidade [wireless].

O que a militância petista tem de bom é também, contraditoriamente, o que tem de pior em termos político. Por mais contraditória que possa ser essa minha constatação, não deixa, mesmo assim, de ser uma grande verdade. O melhor da militância é sua garra, determinação, agressividade na luta. Isso foi fundamental para chegar ao governo. Mas, no governo, isso o destruiu por dentro, porque não viabilizou a interlocução com a comunidade. O governo não conseguiu se relacionar com as pessoas. Realizou muito, mas não comunicou adequadamente. Sua maior virtude na oposição, foi seu maior defeito no governo.

Em uma avaliação sincera, passado o calor próprio do momento eleitoral, posso dizer que o governo foi bom [tem aceitação de 57% da população]. Mas esse número está longe do ideal, principalmente se lembrarmos que Jandir Bellini deixou o governo com números próximos dos 80%, assim como Rubens Spernau em Balneário Camboriú. Então, é fácil constatar, que era possível fazer mais, muito mais. O PT não errou na condução da coisa pública de forma geral [a exceção disso foi o Porto]. O PT errou ao manter no poder as crenças que o faziam grande como oposição. Ele levou para o governo suas crenças de oposição. Uma delas, parece ter sido fatal: a crença de que a militância fazia a diferença e era ela a única grande responsável pela vitória eleitoral. A partir dela, pessoas importantes foram defenestradas do processo de constituição do governo de forma impensável. O preço foi alto, porque esses generais fizeram o papel de “Coriolano”. [ver Shakespeare].

Agora, é esperar pelo óbvio. Esperar que o governo tenha sabedoria para promover a transição com dignidade para ambos os lados. Jean Sestrem, consenso entre os destaques dessa administração, já declarou que a transição será feita de forma exemplar. Contudo, informações vindas de dentro do governo garantem que alguns membros mais exaltados estão sabotando a futura administração. Conter os mais exaltados é a maior contribuição que o governo popular pode dar nesse momento à Itajaí. Não é favor para Jandir Bellini ou para seus adversários. Conter sabotadores e pessoas impulsivas, raivosas, é dever daqueles que pensam o futuro de Itajaí acima da paixão ideológica. Antes, portanto, de pensar a transição o governo tem de montar um sistema eficiente e eficaz para conter os radicais.

Quem auxiliar nessa última e derradeira tarefa de governo terá minha admiração política para sempre!